segunda-feira, 29 de junho de 2015

Seleção e CBF: a responsabilidade é mesmo dos que erraram em campo? (I)

Crédito: samuiblue
Segundo informa a Folha de São Paulo, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, defendeu, ontem, o técnico Dunga e atribuiu a eliminação da Seleção Brasileira na Copa América a erros dos jogadores. O presidente também teria assegurado que não pretende modificar a comissão técnica ou, tampouco, trazer profissionais estrangeiros para reforçá-la.

Assim, segundo nosso entendimento da notícia sobre o que pensa o presidente da CBF:

1) Dunga e a Comissão Técnica permanecem e não têm nada a explicar. Sua responsabilidade é nula diante da desclassificação do Brasil na Copa América 2015 e do não ingresso do País na disputa da próxima Copa das Confederações.

2) Os grandes culpados da eliminação do Brasil são, em sequência, Thiago Silva, com o pênalti cometido (uma jogada digna de voleibol, diga-se de passagem, e da qual ele surpreendentemente não se lembra), Éverton Ribeiro, que chutou fora, e Douglas Costa, idem.

Todos concordam?

Fica difícil concordar, pois:

1) Ao que saibamos, existe uma hierarquia em campo e o técnico tem responsabilidade no esquema de jogo, de orientar o  time. Ou essa responsabilidade não existe mais e o técnico é um "detalhe"? 

2) Nessa lógica, Felipão e Parreira não têm qualquer tipo de responsabilidade nos 7 a 1 impostos pela Seleção da Alemanha à Seleção do Brasil na Copa de 2014. A culpa é dos jogadores, 100% deles (na realidade, o problema é bem mais profundo, mas zerar a responsabilidade da dupla citada seria forte).

3) Nessa mesma lógica, técnico, comissão técnica etc não têm responsabilidade por nada, por nenhum tipo de resultado, vitória ou derrota. Isso por que o mérito e o demérito sempre caberão aos jogadores. Estratégia e táticas de jogos são meros detalhes. 

4) Dunga e a comissão técnica criaram um time que gira ao redor de Neymar e que performa pessimamente sem o craque, mesmo tendo jogadores que, se não são exatamente craques, têm qualidades e bem orientados, poderiam ter um desempenho bem superior.

5) Dunga e a comissão técnica, após o placar enxutíssimo 1 a 0 sobre o Paraguai, aparentemente colocaram a Seleção na retranca. Era o caso, considerando um resultado tão modesto? Esta não seria um procedimento mais digno de equipes limitadas, que não conseguem fazer gols? 

6) Dunga e a comissão técnica poderiam ter deixado Robinho cobrar um dos pênaltis. Por que foi tirado o jogador das cobranças, designando-se Éverton Ribeiro, que sequer jogou? Por acaso ele duvidou do talento de Robinho?

7) Por falar em Éverton Ribeiro, melhor jogador do Brasil em 2013-2014, em nenhum momento, ele teve uma chance real da parte de Dunga e da comissão técnica, em toda a Copa América e mesmo nos amistosos. Entrou no sufoco e não tinha o mesmo nível de aquecimento em jogo dos demais (aquecimento fora do jogo não é comparável com jogar). Aliás, para ser assim, por que mesmo convocaram Éverton?

Assim, vamos em frente, seguindo o pensamento da CBF. As eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 começam em outubro e pela primeira vez, torcedores brasileiros perguntam (inclusive nós): a Seleção chegará à Copa?

Bola Pensante

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