quarta-feira, 8 de julho de 2015

Brasil 1 x 7 Alemanha: 1 ano de aniversário do vexame

Fonte:  Blog Pombo sem Asa

Hoje, 8 de julho de 2015, faz um ano da vergonhosa derrota da Seleção Brasileira para a Seleção da Alemanha, no Mineirão, no âmbito da Copa do Mundo 2014, em um evento identificado por torcedores e a mídia especializada como Mineirazzo. Foi o maior vexame de toda a história do futebol nacional, produzido pelo técnico Luiz Felipe Scolari, comissão técnica e jogadores que participaram do fatídico jogo. Se há males que vêm para bem, por enquanto, o bem ainda parece a caminho. O que deveria mudar radicalmente, não mudou.

O Mineirazzo deveria ter sido o marco para o início de grandes mudanças no futebol nacional e na forma de atuar da Seleção Brasileira, mas, infelizmente, isso não aconteceu. Responsável pela Seleção, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aparentemente adotou a teoria do apagão, não produzindo uma grande e séria discussão sobre o que houve em campo, e não fezendo mudanças profundas que seriam necessárias. Portanto, na data de hoje, os brasileiros não têm motivos para se orgulharem de sua Seleção.

Após a hecatombe em campo do dia 8 de julho, a CBF designou como novo treinador da Seleção Canarinho José Caetano Bledorn Verri, ou seja, o gaúcho Dunga, além do ex-goleiro Gilmar Luís Rinaldi, também gaúcho, como coordenador de Seleções. Dispensado pela Confederação em função da desclassificação do Brasil na Copa da África do Sul, em 2010, Dunga ganhou nova oportunidade. Ele convocou principalmente jogadores "estrangeiros" para compor uma "nova" Seleção e a grande maioria atua no futebol internacional. Um time de jogadores razoáveis a bons e um craque: o brasileiro Neymar, que atua no Barcelona. 

A "nova" Seleção, tendo Neymar como capitão e alguns jogadores remanescentes do vexame, como David Luiz e Thiago Silva entre outros convocados, ganhou vários jogos amistosos em 2014 e 2015. A ordem foi: façam os brasileiros se esquecerem dos 7 a 1, como se isso fosse possível. E de fato, o treinador deve ser enaltecido pelo foco, pois ganhou todos os 11 amistosos disputados, inclusive um jogo contra a Seleção da Argentina, vice-campeã da Copa de 2014. Mas amistoso não é jogo valendo pontos e título.

Entretanto, o teste de realidade chegou com a recente Copa América, realizada no Chile, e o que se viu? Futebol fraco, sem inspiração, pouca criação, equipe altamente dependente do único craque da Seleção, sem ousadia, derrotas para a Colômbia (com expulsão do craque Neymar, em momento de forte demonstração de imaturidade) e mais adiante, derrota nos pênaltis para a Seleção do Paraguai, após um empate por 1 a 1 no tempo regulamentar (com destaque para a jogada de voleibol de Thiago Silva, que resultou em um pênalti desnecessário, e que foi esquecida pelo jogador logo após o jogo; seria esse um episódio de amnésia ou de privação de sentidos?).

Assim, a Seleção Brasileira despediu-se melancolicamente da Copa América. E em tempo, se essa Copa foi excepcional para os chilenos, que venceram o torneio, ela deixou algumas sequelas para o futebol nacional: o Brasil não disputará a próxima Copa das Confederações, anterior à Copa do Mundo, em 2018, na Rússia e, além disso, pela primeira vez, se teme pela classificação, ou melhor, pela não-classificação da nossa Seleção para o torneio.

Após a Copa América, a CBF resolver criar um Conselho de Desenvolvimento Estratégico, integrado por "grandes cabeças" do futebol nacional e internacional. A primeira reunião do referido Conselho foi realizada na última segunda-feira, 6 de julho, estando presentes nomes como Carlos Alberto Gomes Parreira (que trabalhou junto com Felipão na Copa de 2014 e leu a famosa carta da Dona Lúcia, após o vexame), Carlos Alberto Silva, Ernesto Paulo Ferreira Calainho, José Cândido Sotto Maior (Candinho), Mário Jorge Lobo Zagallo, Paulo Roberto Falcão e Sebastião Lazaroni. Nem todos os ex-técnicos estavam lá, incluindo Felipão, ora na China.

Ao que se saiba, não existem consequências práticas do evento, a não ser a decisão de mais reuniões, a serem agendadas. Quanto à participação de técnicos estrangeiros, inicialmente citada pela CBF, talvez não haja, pois não só Dunga questiona sua eventual utilidade como pairam dúvidas se realmente eles viriam. Aliás, ontem à noite, no programa "Bola da Vez" da ESPN, o jogador da Seleção Brasileira Daniel Alves informou que o grande técnico espanhol Pep Guardiola teria gostado muito de ter dirigido a Seleção Brasileira na última Copa. E tivemos Felipão e Parreira!

Sobre o Conselho de Desenvolvimento Estratégico supracitado, ele criará algo útil e que possa ser posto em prática para ajudar essa "nova" Seleção da CBF comandada por Dunga? Há controvérsias, em função de perguntas como: eles realmente teriam alguma inovação a agregar? Ainda que isso fosse verdade, por que esses ex-técnicos da Seleção ajudariam Dunga? E ainda que eles quisessem ajudar, Dunga seguiria seus conselhos?

Com respeito ao contexto mais amplo, ao sistema de futabol nacional, há novidades? Recomendamos aos nossos leitores uma lidinha rápida no post abaixo:

-  Como criar um salto de qualidade no futebol nacional?

À luz do texto anterior, o que dizer? Algo mudou realmente?

Se no sistema de futebol (e no próprio!) nada mudou, politicamente, muito aconteceu e o grande destaque mundial é a prisão, no dia 27 de maio, de dirigentes da Fifa que estavam na Suiça, à espera de um congresso da CBF, incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. O escândalo foi global e os executivos presos poderão ser extraditados para os EUA, que coordenam, por meio do FBI, as investigações. As notícias são de que os EUA estariam investigando o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

No Brasil, o destaque nacional é a aprovação, ontem, pelo Câmara de Deputados, da Medida Provisória (MP) n. 671/2015 (19/03/2015), agora a caminho do Senado. Com o texto aprovado, os clubes terão 240 meses (20 anos) para quitarem dívidas com o estado brasileiro, em troca de algumas melhorias em sua administração. Entretanto, as disposições sobre a democratização da CBF não passaram, em função do forte apoio da bancada da bola.

Este é o resumo da ópera. Por todo o dito, registramos o primeiro ano do Mineirazzo, mas entendendo que não há praticamente nada a comemorar em relação à atual Seleção Brasileira e à forma como a CBF a vem conduzindo. Por que a Seleção tem um técnico como Dunga e não um grande técnico como Pep Guardiola, comandante do incrível Bayern de Munique? Por que não temos uma percepção de transparência em relação aos critérios de convocação de jogadores? Por que  ... deixemos para lá. O principal foi escrito.

Finalizando, é uma pena, é realmente uma pena, e como dizem alguns profissionais de mídia, continuamos tomando gols e mais gols da Alemanha, em profusão. Mas ainda cremos que os homens e mulheres de boa vontade do Brasil conseguirão, em algum momento, mudar o jogo do futebol nacional.

Recomendamos também os seguintes posts:

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Bola Pensante

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