domingo, 21 de dezembro de 2014

CBF e o fairplay financeiro dos clubes: com a LRFE não seria melhor?

Crédito: Master isolated images
A CBF publicou em 19 de dezembro, sexta-feira, o Regulamento Geral de Competições 2015, válido para os torneios organizados a partir de 2015, o qual prevê punições aos clubes que não cumprirem regras de fairplay financeiro e trabalhista, a exemplo do atraso de salários. As punições poderão ser perda de pontos e chegar até mesmo a desclassificação de torneios.

O ponto é que existe uma Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE) em discussão, a qual pode, ela sim, Lei, ser aprovada exigindo o referido fairplay. Por que um dispositivo legal e não um regulamento do próprio mercado seria melhor para o nosso futebol? A questão é que a auto-regulação do mercado da bola não tem se mostrado eficaz. Não tem produzido clubes fortes, com plateias fortes e arrecadações fortes (e temos belos estádios, que poderiam ser bem aproveitados, mas não têm sido). O futebol brasileiro perdeu, faz tempo, a condição de benchmark mundial, apenas provendo ao mercado da bola externo jogadores em busca de melhores condições financeiras e de reconhecimento, o que é compreensível.

A auto-regulação do mercado tem sido tão ineficaz no sentido de fortalecer os clubes nacionais que jogadores de futebol criaram um movimento, o Bom Senso Futebol Clube, o qual, entre outras reivindicações justas, tem cobrado da CBF o fairplay financeiro dos clubes, visando que os mesmos atuem com responsabilidade na gestão de suas finanças. O movimento conseguiu levar essas e outras reivindicações à Casa Civil e à Presidência da República, que manifestaram simpatia pelo espírito das propostas. Não é sintomático que jogadores estejam levantando essa bandeira, a da responsabilidade na gestão das finanças? Limitando talvez seus proventos, mas ao menos tentando assegurar o recebimento de salários e extras?

Por essa razão, mesmo que a cobrança da CBF sobre o fairplay financeiro dos clubes seja, em tese, uma notícia boa para o futebol nacional, isso não deveria inibir o estado brasileiro de impor, por meio da LRFE, o fairplay financeiro e a responsabilidade fiscal dos clubes (até por que, a má gestão termina por onerar o povo brasileiro, via tributos não pagos ou "perdoados"). Infelizmente, não dá para acreditar completamente na auto-regulação do mercado da bola e em seu enforcement (garantia de cumprimento de regras), em um contexto aparente de resistências a mudanças. Mais: a derrota de 10 x 1 do Brasil para a Alemanha/Holanda doeu fundo; além disso, assistir a jogos de times como Real Madrid e Bayern só faz aumentar o sentimento de que estamos perdendo o trem da história.

Bola Pensante

Nenhum comentário:

Postar um comentário