segunda-feira, 6 de abril de 2015

A reconstrução do Cruzeiro, bicampeão 2013-2014 e tetracampeão nacional

Crédito: Stuart Miles
O biênio 2013-2014 foi sensacional para o Cruzeiro, melhor equipe de futebol do Brasil em ambos os períodos. Por essa razão, o time foi bicampeão no Campeonato Brasileiro ou Brasileirão, com louvor, chegando ao tetracampeonato nacional. Aliás, o biênio foi dos mineiros, pois o Atlético MG foi campeão da Libertadores da América em 2013 e da Copa do Brasil em 2014, contra o próprio Cruzeiro.

Tendo conseguido manter, por dois anos seguidos, um mesmo padrão elevado de futebol e equipe, o técnico Marcelo Oliveira e seus atletas, o Cruzeiro não pode impedir, entretanto, que a força do poder econômico se impusesse. O Clube terminou por dispor de vários jogadores importantes, principalmente ao exterior, como Éverton Ribeiro (agora joga nos Emirados Árabes), Ricardo Goulart (China), Lucas Silva (Espanha) e Egidio (Ucrânia, de volta ao Brasil, via Palmeiras). O Cruzeiro também não pode mais contar com Marcelo Moreno, que retornou ao Grêmio (e agora joga na China, como Goulart). Ainda bem que o técnico e alguns jogadores permaneceram, como Fábio, Mayke, Léo, Henrique e outros.

Como resistir às propostas feitas aos atletas expatriados? Infelizmente, o futebol brasileiro tem uma lógica de curto prazo. Mesmo assim, com o caixa abastecido, o Cruzeiro tem procurado trazer bons jogadores, visando formar uma equipe competitiva; preferimos nos referir à figura da "formação de equipe", sem usar a expressão "busca de peças de reposição", haja vista que estamos tratando de jogadores, ou seja, seres humanos. Novos reforços têm vindo e o modo do time jogar mudou substancialmente, como não poderia deixar de ser.

Ao Cruzeiro, chegaram Leandro Damião, De Arrascaeta, Joel, Mena e vários outros nomes. Ao mesmo tempo, o time tem tido dificuldade de se encontrar em campo. Não conseguiu ainda uma nova dupla Éverton Ribeiro/Ricardo Goulart, capaz de reproduzir ou até de ultrapassar o desempenho da original. Aliás, não se conseguiu, até o momento, armar boas e consistentes estratégias de jogo. O que até certo ponto, é natural, mesmo que três meses se tenham passado desde o início de 2015 e lembrando do desmonte, ocorrido a partir deste ano. Aliás, reconheça-se que os demais times brasileiros não estão jogando um futebol de encher os olhos, independentemente de resultados.

Destacamos aqui a virada na carreira do centroavante Leandro Damião, uma vez que o atleta, que não teve uma boa passagem pelo Santos, tem se destacado na Raposa, tanto na postura combativa quanto em gols marcados. É visível sua entrega em campo, jogando com uma força de vontade que deve ser enaltecida. 

Os números abaixo referem-se ao início de 2015, até o último dia 6, domingo, considerando o desmonte da equipe vencedora do último biênio:

Aproveitamento = Pontos ganhos / Pontos disputados.

No caso dos amistosos, manteve-se, apenas para fins de cálculo.
a regra de 3 pontos/vitória e 1/derrota, de outros torneios. 
Pontos de atenção:

1) O Cruzeiro é o vice-líder do Campeonato Mineiro. Disputará com o Atlético MG, terceiro colocado, e o vencedor irá à final contra a Caldense (líder) ou o Tombense. Cruzeiro e Atlético MG não tiveram a hegemonia de períodos anteriores no Mineirinho.

2)  O time é líder do grupo 3 da Libertadores 2015, com cinco pontos. Seu próximo jogo será amanhã, contra o Mineros de Guayana, às 22:00 h (péssimo horário, diga-se de passagem). Até o momento, o Cruzeiro jogou três jogos, ganhou um e empatou dois. Não parece ser essa uma performance que tranquiliza. Mesmo assim, é melhor do que a do Atlético MG, que é o último colocado do grupo 1 (mas pode se recuperar).

3) O aproveitamento de 62,5% em todos os jogos jogados até o momento tem sido abaixo dos números de 2013 e 2014 para o Campeonato Brasileiro, respectivamente iguais a 66,7% e 70,2%.

4) O aproveitamento de 33,1% nos jogados realizados no Mineirão até o momento tem sido surpreendentemente muito abaixo dos números de 2013 e 2014 para o mesmo  torneio acima, respectivamente 78,9% e 82,5%. Aliás, o aproveitamento fora de campo em 2015 até o momento, de 85,2%, é superior ao aproveitamento no Mineirão, no ano passado, para o Brasileirão. Completamente atípico.

5) A média de gols por jogo desde o início do ano também tem sido relativamente baixa, de 1,6, contra 2,0 em 2013 e 1,8 em 2014, números do Brasileirão.

Os números anteriores, para uma análise mais completa, deveriam ser cotejados com aqueles dos principais times do Brasil, mas com o seguinte ponto de atenção: a maioria dos grandes times vem disputando campeonatos estaduais, com times fracos e, em geral, do interior dos estados (mas o ponto não é a localização geográfica e, sim a estrutura do time). Portanto, é preciso ter muita calma na hora de achar que um time com bom desempenho nesses torneios está em ponto de bala para um Brasileirão, por exemplo.

Mesmo assim, o que os números do Cruzeiro parecem nos dizer, até o momento?

A nosso ver, que a Raposa deve fazer todo o possível para ser competitiva, se acertar em campo, trazendo novos talentos ou resolvendo os problemas com os jogadores disponíveis, sempre jogando para se superar e vencer.

Ao mesmo  tempo, que a torcida estrelada (e somos parte dela, reconhecendo pela primeira vez neste blog) talvez não deva esperar conquistas mais espetaculares neste ano de 2015, por que esse pode ser mesmo um ano de transição. Ou melhor dizendo, de reconstrução. Vejamos o que vem pela frente.

Se, entretanto, o Cruzeiro surpreender e superar as expectativas mais modestas de um ano de reconstrução (em termos, por que a torcida não quererá, por exemplo, o time com desempenho sofrível na Libertadores, fora do G4 do Brasileirão ou com má performance na Copa do Brasil), será, então, o caso de passarmos a olhar o técnico Marcelo Oliveira como um forte candidato à Seleção Brasileira em algum momento futuro.

Bola Pensante

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