segunda-feira, 9 de março de 2015

Os muito fortes também podem cair, mas ... (II)

Crédito: Stuart Miles
Há poucos dias, fizemos um post tratando de derrotas acachapantes de grandes equipes em jogos de futebol, usando os exemplos do Bayern de Munique e do Real Madrid, times com enorme qualidade que sofreram, neste ano, derrotas de 4 x 1 e de 4 x 0, respectivamente para o Wolfsburg e o Atlético de Madrid. Diferenciamos essas derrotas daquelas de 7 x 1 e de 5 x 1 sofridas respectivamente pelas Seleções Brasileira e Espanhola na Copa do Brasil de 2014.

O propósito foi defender a seguinte lógica: existem derrotas conjunturais e estruturais. No primeiro caso, provocadas por fatores de curto prazo que podem desaparecer algum tempo após, como a perda de ritmo provocada por um período de férias e os desfalques por lesões; no segundo caso, produzida por fatores mais profundos, como por exemplo, a decadência de um estilo de jogar e a desatualização técnica. Nessa linha de raciocínio, as derrotas do Bayern de Munique e do Real Madrid seriam conjunturais e as derrotas das duas Seleções citadas, estruturais.

De lá para cá, ambos os dois times acima citados se recuperaram; porém, nos últimos dias, o Real Madrid piorou novamente e neste final de semana, perdeu a liderança do Campeonato Espanhol para o Barcelona, time de Neymar. Carlo Ancelotti, premiado técnico dos merengues, vem sendo culpabilizado pela queda de produção (natural e esperado, já que ele é o coach) e colocado sob suspeita de ter perdido o pulso junto aos craques de um dos melhores times do mundo. Lembrando que com Ancelotti, o Real Madrid venceu a Liga dos Campeões três vezes, além do Mundial de Clubes em dezembro de 2014, contra o argentino San Lorenzo.

Afinal, o que está acontecendo com o Real Madrid?

A nosso ver, o que ocorre ali pode ser conjuntural ou estrutural.

Primeiramente, por que conjuntural? Ocorre que, afinal de contas, um time que em dezembro de 2014 era o melhor do mundo, que não passou por um processo de desmonte conforme o que vimos passar o Cruzeiro no primeiro mês de 2015, e que permanece contando com grandes craques - dos melhores do mundo, como Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, Derek Bale, Toni Kroos e outros - não pode ter desaprendido a jogar futebol com a qualidade que tinha há algumas semanas. Na linha conjuntural, alguns eventos podem estar favorecendo a queda de produção desse time tão bom: má fase do ataque e baixa performance de Cristiano Ronaldo e outros jogadores podem ser possibilidades. 

E por que existe a chance de algum problema estrutural?

Por que podem estar ocorrendo fatos que os torcedores não estão percebendo ou dando maior importância, relacionados a uma quebra mais profunda da liga emocional entre os jogadores ou entre esses e o treinador. Todos eles são profissionais, mas são, antes de tudo, seres humanos. Não sabemos até que ponto esses profissionais são emocionalmente ligados entre si, mas a liga que havia até o final do ano passado os levou a vencer o Mundial de Clubes. Neste momento, pode existir algo diferente.

Na festa de aniversário de Cristiano Ronaldo, alguns estiveram presentes e outros não. Após as fotos publicadas na internet sobre a festa do craque português, alguns devem ter levado bronca, outros não. Existirá algum problema maior, neste momento, entre os craques merengues ou pelo menos entre alguns deles? Ou entre atletas e o treinador? Se existir e se esse problema estiver comprometendo em excesso o jogo, bem, pode-se ter ali um problema estrutural, cuja saída seja, no limite, mudar nomes.

Será preciso aguardar. Por ora, percebemos que Cristiano Ronaldo não tem jogado bem, outros jogadores também não e, nesse contexto, até o novato Lucas Silva, ex-Cruzeiro, deve estar sofrendo com a elevada pressão por desempenho, por que na cabeça de muitos torcedores, ele deveria entrar bombando e ajudando a melhorar o futebol sofrível, para os seus padrões, que o Real Madrid tem jogado. Essa lógica não seria apenas da torcida merengue, mas, provavelmente, da maioria das torcidas. Só que nem sempre ela é válida e por vezes, é preciso saber esperar pelo entrosamento.

Finalizando, os muito fortes também podem cair de produção, por razões conjunturais, mas também em função de causas estruturais, especialmente quando se considera o emocional das pessoas envolvidas - treinador e atletas. Um time é, como o nome diz, um time. É coletivo. Se algumas pessoas estiveram emocionalmente desconectadas do coletivo, o mais provável é existir problema estrutural forte. Entretanto, intervenções corretas para resolver problemas podem alterar um quadro negativo. Em muitas situações.

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Bola Pensante

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