sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Os muito fortes também podem cair, mas ... (I)

Crédito: Stuart Miles
Existem diferenças entre as derrotas acachapantes que uma equipe de futebol pode sofrer ao longo de sua existência?

No dia 30 de janeiro, o Bayern de Munique foi castigado pela derrota de 4 x 1 contra o Wolfsburg, pela Bundesliga, o torneio alemão correspondente ao nosso Campeonato Brasileiro ou Brasileirão. Os times retornavam da pausa de inverno e o Bayern, até então invicto no torneio, esteve simplesmente irreconhecível.

Poucos dias após, em 7 de fevereiro, o Real Madrid foi derrotado por 4 x 0 pelo Atlético de Madrid, no território desse último. Também irreconhecível, o time merengue ainda vivenciou uma reação irritada de sua torcida em relação à festa de celebração do aniversário de Cristiano Ronaldo, logo após a derrota. Os torcedores simplesmente não gostaram e nem dirigentes do Real Madrid.

Derrotas dessa natureza, acachapantes, podem acontecer com as melhores equipes de futebol. Os dois episódios anteriores não tornaram o Bayern de Munique ou o Real Madrid, provavelmente os dois melhores times de futebol da atualidade, menores. Se pesquisarmos, identificaremos os aspectos conjunturais que criaram a derrota. Perda de ritmo após um período de parada de um torneio, desfalques por lesões ou suspensões, um mau dia ou noite de mais de um jogador, clima desfavorável e campo de futebol mal cuidado são exemplos não exaustivos e genéricos do que pode ocorrer entre outros; frequentemente, mais de um fator explica um embate mal sucedido.

Não se deve confundir, entretanto, derrotas conjunturais com derrotas estruturais. As derrotas por 7 x 1 da Seleção Brasileira contra a Seleção da Alemanha, e de 5 x 1 da Seleção da Espanha contra a Seleção da Holanda na Copa do Mundo de 2014 devem ser analisadas com outro foco. Acreditamos que as duas Seleções latinas tinham problemas estruturais. O futebol espanhol, por exemplo, funcionou na Copa de 2010, mas não funcionou bem na de 2014, mesmo com vários craques em campo. Quanto ao futebol brasileiro, bem, os problemas são profundos e os 7 x 1 simplesmente expuseram a fragilidade emocional de um grupo inferior ao adversário em múltiplos aspectos, na qualidade da Comissão Técnica, dos jogadores, do futebol praticado e do sistema que produziu tal futebol. Não que o desnível de qualidade seja de 7 x 1, mas é elevado.

Em ambos os casos, o mais importante não é a derrota em si, mas o que se faz com ela. O Bayern de Munique e o Real Madrid já ampliam sua distância para os adversários nos Campeonatos Alemão e Espanhol. As derrotas supracitadas passaram sem maiores problemas, a não ser perdas de pontos que não chegaram a comprometer suas posições e veementes protestos de torcedores. Na Espanha, não estamos acompanhando os fatos, mas cremos que os espanhóis refletirão muito sobre o que houve na Copa do Brasil de 2014. Já quanto aos 7 x 1, infelizmente, não se quer discuti-los e não se admite, aliás, que existem problemas por aqui, dentro e fora dos gramados. Problemas estruturais.

Mas existe uma pequena esperança: o governo federal pode disponibilizar, a qualquer momento, texto de uma Medida Provisória (MP) que, além de renegociar dívidas dos clubes, cria penalizações pela inadimplência e regras de governança para os clubes, além de propor a implantação de uma agência reguladora para os esportes no Brasil. Será este o começo de um novo tempo para o futebol nacional? Veremos.

Bola Pensante

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