segunda-feira, 4 de maio de 2015

Coalizão de entidades pressiona candidatos à Fifa por direitos

Crédito: samuiblue
Joseph Blatter, atual presidente da Fifa, o príncipe da Jordânia Ali bin al-Hussein, o ex-atleta bola de ouro português José Figo e Michael van Praag, presidente da federação holandesa de futebol, candidatos à presidência da Federação na eleição deste mês de maio, receberam correspondência de uma coalizão de grupos de defesa dos direitos humanos e sindicatos, contendo um questionário com questões sobre direitos humanos, trabalho imigrante e corrupção em Copas do Mundo.

A coalização citada corresponde à Sports and Rights Alliance e integra cinco entidades: Anistia International, Human Rights Watch, Confederação Internacional de Sindicatos, Terre des Hommes e Transparência Internacional. Ela deseja conhecer previamente a posição de cada candidato. A ideia é saber se eles pressionarão as autoridades do Qatar em prol da melhoria de suas leis trabalhistas, reformando o sistema da kafala, por meio do qual trabalhadores tornam-se presos a empregadores e impedidos de deixar o País sem permissão; muitas vezes, retendo-se salários e passaportes.

Em função das restrições supracitadas e de outros aspectos, boa parte dos milhões de imigrantes de países como Nepal, Sri Lanka, Banglasdesh, Índia e outros é forçada a trabalhar sob condições inadequadas e até perigosas, enfrentando temperaturas que no verão do País podem ultrapassar 40 graus centígrados. Muitos desses trabalhadores estão construindo a infraestrutura da Copa de 2022.

Além do Qatar, cuja escolha para a Copa de 2022 tem levantado controvérsia quanto à sua lisura, os integrantes da Sports and Rights Alliance também estão preocupados com a Copa da Rússia, especialmente considerando problemas como direitos de homossexuais, proteção ambiental e liberdade de expressão. Em que medida o futuro dirigente da Fifa se comprometerá a exigir mudanças na organização da Copa de 2018?

Quais serão as respostas dos quatro candidatos? Sejam quais forem, diz-se, na mídia, que o favorito para vencer o pleito é Joseph Blatter, atual presidente. Qualquer que seja o resultado da eleição, espera-se um maior nível de pressão sobre a Fifa nos próximos anos. O que, a nosso ver, parece ser boa notícia.

No Brasil, a Fifa ganhou muito dinheiro, mas não ofereceu um espetáculo à altura do evento. Não nos referimos aqui aos 7 x 1 impostos pela Seleção Alemã à Seleção Brasileira (mazelas de nossa alçada), ou aos problemas e custos de estádios e obras associadas (idem), ou aos diversos jogos (cujos espetáculos específicos foram criados pelos atletas), ou mesmo ao calor humano da Copa (graças ao carinho dos brasileiros com os visitantes), mas a aspectos como shows de abertura e encerramento fracos, logomarca sofrível, mascote apenas razoável e preços que alijaram muitos brasileiros da Copa do Mundo 2014. A Fifa ficou a nos dever. 

Bola Pensante

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