quinta-feira, 28 de maio de 2015

Por que o Cruzeiro perdeu do River Plate de forma tão surpreendente? (II)

Crédito: samuiblue
Na breve análise feita no post Por que o Cruzeiro perdeu do River Plate de forma tão surpreendente? (I), identificamos problemas na coletividade e em individualidades, sem citar nomes, até por que, o fenômeno foi  generalizado, coletiva e individualmente considerando, já que vários jogadores performaram mal. Neste post, apresentamos algumas considerações sobre a relação entre o individual e o coletivo.

No jogo Cruzeiro 0 x 3 River Plate, o time entrou em uma espécie de círculo vicioso, em que o coletivo afetou o individual e o individual piorou o coletivo. Mas qual seria o ponto de partida, o coletivo ou o individual? Eis aqui uma pergunta muito interessante.

Aparentemente, ambos, coletividade e individualidades estão com grandes problemas. O Cruzeiro tem um bom técnico, mas ele, até o momento, não deu uma lógica de jogo e futebol ao time, substancialmente instável. O esquema 4-2-3-1 e qualquer outra tentativa do  técnico Marcelo Oliveira de alterá-lo não têm funcionando bem até aqui, por que a lógica também depende dos atletas. Aliás, o Cruzeiro tem bons jogadores, mas eles, assim como o time, têm performado aos soluços, ora jogando bem, ora mal. E ainda faltam mais atletas bons, em posições-chave, por que o Cruzeiro não conseguiu repor, na medida do necessário, jogadores como Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart entre outros, por meio dos quais, o time foi bicampeão em 2013-2014.

Um coletivo melhor e mais organizado cria maior confiança individual e o técnico Marcelo Oliveira não tem sido feliz em dar lógica de futebol ao Cruzeiro, depois do desmonte do time bicampeão, no início deste ano. Individualidades também não parecem ir bem e aqui, há quem critique o planejamento do Cruzeiro, após a saída do diretor de futebol Alexandre Mattos, com certa ou até mesmo boa dose de razão. O time poderia ter melhores talentos? Cremos que sim e, conforme dito, Marcelo ainda não tem todo o capital humano que um clube com o Cruzeiro merece ter.

De qualquer forma, postas as contratações até aqui feitas, ainda que sob planejamento que merece ser criticado e fortemente repensado para próximos ciclos de futebol, é preciso preparar não apenas física mas também emocionalmente os atletas, especialmente os mais jovens, para os enduros que eles precisam enfrentar. O Cruzeiro, mesmo incompleto, tem jogadores promissores, mesmo não tendo craques. Atletas como Arrascaeta, Gabriel Xavier e Mayke devem ser monitorados mais de perto em seu crescimento profissional, talvez em um nível mais intenso do que aquele que a Comissão Técnica venha eventualmente praticando. O mesmo vale para os  mais experientes, que também têm qualidades, mas com outra abordagem.

Resumindo: o time do Cruzeiro precisa de uma lógica de futebol, isso é evidente, precisa também de mais talentos; ademais, seus jogadores atuais precisam de mais confiança. Eles precisarão se superar. E se os reforços não chegarem? Algo não terá que ser tentado? Tudo isso remete a uma palavra mágica: liderança. Marcelo Oliveira é um bom técnico, capitaneou o bicampeonato do Cruzeiro no Brasileirão 2013-2014, mas mesmo com percalços que não são de sua responsabilidade, sua liderança foi adequada ao time, até o quinto mês do ano e em momento de transição com o avião em vôo em jogos pesados de mata-mata? Em tempo, o falecimento da mãe de Marcelo, na véspera da partida contra o River Plate, pode ter influído em seu trabalho? Certamente; entretanto, se o time tivesse uma lógica e se os jogadores estivessem seguros, o resultado seria a derrota por 3 a 0?

A propósito, os jogos Cruzeiro 0 x 3 River Plate e Seleção Brasileira 1 x 7 Seleção da Alemanha foram completamente diferentes e mesmo as decepções das torcidas foram diferentes. Assim, chamar o jogo de Mineirazzo é impróprio. O segundo jogo citado foi, sim, um Mineirazzo: em menos de 1/2 hora, a Seleção Canarinho tomou cinco gols. E as expressões de estupor, para não dizer de horror, da torcida brasileira presente ao Mineirão e por todo o Brasil certamente foram bem diferentes das reações de decepção da torcida cruzeirense,

Finalizando, o técnico Marcelo Oliveira resistirá à queda do Cruzeiro na Libertadores? A nosso ver, os próximos passos do time no Brasileirão serão decisivos. O treinador, muito criticado por suas dificuldades no mata-mata, demonstrou, por outro lado, ser muito bom no sistema de pontos corridos, que é o do Brasileirão, e talvez não seja o momento de sua saída, embora acreditemos que ele tenha que se desdobrar para ampliar sua liderança, especialmente se o Cruzeiro não conseguir reforçar o  time para a temporada. Aliás, se ele sair, duvidamos que fique sem trabalho longo tempo. Aguardemos.

Bola Pensante 

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